Após o carnaval, grande festa popular, celebra-se, em todo o cristianismo católico, a quarta-feira de cinzas, dia de celebração no qual os cristãos recebem as cinzas feitas das palmas bentas no domingo de ramos do ano anterior, simbolizando assim uma antiga prática penitencial baseada também no texto bíblico: “(…) lembra-te que és pó e em pó te hás de tornar” (Gn 3,19).
A Igreja, a partir de uma proposta pedagógica e processual, convida os fiéis, a partir da quarta-feira de cinzas, a iniciar um tempo especial para a vivência da fé. Este tempo chamamos de Quaresma.
A Quaresma é um período de quarenta dias em que o grande objetivo é se recolher e se preparar para a celebração da Páscoa da Ressurreição, e ainda hoje, se associa muito a quaresma à ideia das penitências corporais, o jejum de algumas coisas, “o tempo de se comer menos carne”.
No entanto, a quaresma é também, e principalmente, tempo de converter o coração, se colocar em um caminho mais pleno de seguimento. Para isto, a igreja recomenda a experiência de três práticas de desapego e de vivência quaresmal: o jejum, a oração e a esmola.
A proposta desta tríade quaresmal é que nossa oração seja a profunda vivência de uma “solidão povoada e presença amorosa do Amado” (São João da Cruz). Que nosso Jejum seja também de tudo que nos afasta de Deus e de nosso próximo. Que a esmola seja a percepção e sensibilidade aguçada das necessidades, sobretudo corporais, daqueles que nos cercam relembrando a grande parábola de Jesus “vinde benditos de meu pai... pois tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, estive nu e me vestistes” (Mt. 25, 34).
Na certeza de que caminhamos na busca da Ressurreição, peçamos à Deus que nos fortaleça para a vivência de uma profunda experiência quaresmal: “(...) então poderemos viver e testemunhar em plenitude a alegria da Páscoa” (Francisco PP.).
Boa quaresma!